segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O SOLDADINHO-DO-ARARIPE


O Soldadinho-do-Araripe 

Antilophia bokermanni

Este tangará foi descoberto em 1996 e encontra-se em situação crítica por ser um endemismo de um pequena área na região da Chapada Araripe no estado do Ceará.


É uma ave passeriforme da família Pipridae, que mede 15,5 cm, de coloração básica branca, com a cabeça e pescoço vermelho vivo, asas e cauda negra. As coberteiras das asas são brancas. A íris é avermelhada Na cabeça apresenta uma espécie de capacete de penas. A fêmea é verde-olivácea com a barriga mais pálida e o tufo frontal reduzido. Voz bastante semelhante a voz do soldadinho (Antilophia galeata) do Brasil central.


Ouça a vocalização do soldadinho-do-Araripe no Xeno-canto


A população conhecida do soldadinho-do-Araripe é estimada em apenas cerca de 800 indivíduos, e está seriamente ameaçada pelo desmatamento. A espécie é considerada criticamente ameaçada pela IUCN. Existe pouca informação disponível sobre a espécie, mas, aparentemente, a alimentação consiste de pequenos frutos, mas também captura artrópodes utilizando diversas estratégias, o que sugere os artrópodes como uma alternativa para as épocas de escassez de frutos.


A postura consta de dois ovos de coloração bege, cobertos com riscos escuros que formam uma calota bem definida. Os ovos são incubados durante cerca de 20 dias e os filhotes deixam o ninho após três semanas. O ninho é construído pela fêmea em arbustos sobre a água a cerca de 2 metros de altura.









Última postagem do ano de 2018! Um ótimo 2019 para todos!




segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O SENHOR DO AMANHECER



O ano de 2017 foi o ano do galo no zodíaco chinês, sendo a única ave do calendário chinês. Como um dos doze animais no zodíaco chinês, o galo tem características gerais de trabalho duro, boa sorte e virtude. Em chinês, "sorte" e "galo" têm a mesma pronúncia: Ji.

Na China é dito que o galo representa a sabedoria (por causa de sua crista que lembra uma coroa), a bravura (sua ousadia em lutas), a bondade (devido à sua natureza social de compartilhar comida) e a fé (pois ele canta toda manhã com chuva ou com sol). 



Despertar ao som do galo é um privilégio que sempre poderemos usufruir, e em algum lugar, por todo o mundo, há neste momento, um galo acordando um ser humano.  Provavelmente não há outra ave que esteja tão ligada ao ser humano como o galo.
Para os 7,5 bilhões de pessoas no mundo, existe mais de 12 bilhões de frangos, o que torna a espécie Gallus gallus a ave mais abundante do mundo. Mas eles são muito mais do que alimento: estão ligados de maneira biológica, cultural e espiritual ao ser humano por cerca de 7000 anos.


E se você estiver pensando "é apenas um frango", por estar habituado à sua presença desde a infância, é hora de pensar melhor sobre o galo. Além de fonte de carne e ovos, essas aves de aparência extravagante nunca causam estranheza ou parecem fora de lugar em uma fazenda ou mesmo em uma casa.
Imagine que a 7.000 anos atrás, um de nossos antepassados ​​estava caminhando através de uma região florestada da Ásia. De repente, um sussurro na folharada e ele vê pernas providas de grossas garras passarem correndo através da vegetação em busca de alimento.


Imaginando que o nosso antepassado tivesse visto Jurassic Park, compará-los-ia com as pernas ágeis e cortantes de um velociraptor. Mas quando ele olhou para cima viu as penas da cor do sol, uma magnífica crista vermelha carnuda no macho, e os grandes e fortes músculos do peito. A experiência de ter visto o galo-vermelho-da-floresta pode ter sido significativa para a longa relação que se iniciava.


A partir daquele dia, o Gallus gallus, que está intimamente relacionado aos faisões na família Phasianidae, foi domesticado, hibridizado e integrado na cultura humana como a ave que conhecemos hoje. Da Ásia eles se espalharam para o oeste e para o leste através dos tempos, associando-se a cada comunidade humana. O galo-selvagem passou a ser apreciado mais do que apenas por sua carne, mas originalmente para a recreação (brigas de galo) e companhia. Também foi e ainda é utilizado para prever o futuro, através da alectoromancia, que é a arte da adivinhação usando um galo que vai comendo os grãos de milho que são colocados sobre letras, formando palavras! Além disso, sua plumagem impressionante também tem sido usada para ornamentação.
É fácil perceber como esta ave veio a ser associada com bondade na vida. E sem o chamado do galo que acorda a humanidade ao amanhecer, talvez, nossa espécie tivesse sido muito menos produtiva.
Em algumas culturas "ocidentais", esta ave comum é um sinônimo de "tímido", e para os carnívoros humanos sua carne é percebida como algo "inferior" (mesmo para alguns observadores de aves, galos e galinhas não despertam interesse algum!).
A verdade nua e crua, entretanto é que essas aves são uma fonte confiável e preciosa de proteína de boa qualidade para bilhões de pessoas, e olhando sobre a perspectiva das mudanças climáticas, produzir carne de frango é muito menos prejudicial ao meio ambiente do que produzir carne bovina.
Apesar de tudo existe a preocupação em preservar a forma selvagem da ave mais numerosa do planeta. Se pensarmos bem o frango domesticado, tecnicamente é um híbrido do galo-vermelho-das-florestas (Gallus gallus) e de outras espécies asiáticas de galos selvagens, e através da reprodução seletiva não tem mais quase nada do ágil e elegante estilo arbóreo de seus parentes mais selvagens. Admite-se que as pernas amarelas do frango doméstico são originadas do galo-cinzento (Gallus sonneratii). Veja a postagem sobre os galos selvagens em:


Não podemos esquecer que um dia os galos selvagens foram a fonte do material genético para a indústria avícola moderna. Veja a postagem sobre a trajetória do frango-de-corte em:



Para a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN – Red Data Book), o frango domesticado constitui efetivamente uma espécie introduzida em todo o mundo e, por conseguinte, não cumpre os critérios de avaliação necessários para a lista. Mas tanto o galo-vermelho-das-florestas como as outras três espécies de galos selvagens estão listados como LC (pouco preocupante). Estes galos selvagens ainda vivem em florestas asiáticas, mas são tão numerosos que não existe preocupação com seu status de conservação. Entretanto há temores de que as galinhas domesticadas criadas soltas estejam se misturando com as aves selvagens nas bordas da floresta e podem um dia misturar os genes das diferentes espécies. Leia sobre o galo-vermelho-das-florestas em:


Para saber mais leia a reportagem de Shaun Hurrell (em inglês) no site do Bird Life International.

galpão de frangos

Red jungle fowl

Canto de diversas raças


quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O tesourão-grande dorme durante 40 minutos enquanto voa

O tesourão-grande (Fregata minor) é um membro da família Fregatidae, uma família monogenérica, ou seja, que contem apenas o gênero Fregata. A família é pantropical, ocorrendo nas regiões tropicais da África, Ásia e nas Américas.


O tesourão que ocorre aqui em Niterói é o Fregata magnificens, também chamado de fragata, alcatraz e pirata-do-mar. Este último nome é devido ao seu hábito de praticar o cleptoparasitismo, que consiste em roubar as presas de outras aves como, por exemplo, do atobá-pardo (Sula leucogaster). Este espetáculo de perícia na pesca e pilhagem pode ser visto nas praias oceânicas (Itaipu, Camboinhas), especialmente quando os cardumes de pequenos peixes aproximam-se da costa.



Os machos adultos de todas as espécies de fragatas são muito semelhantes na aparência, com asas muito curvadas, com plumagem predominantemente preta e longas caudas bifurcadas. Os machos apresentam um saco gular de coloração vermelho vivo inconfundível.
As fragatas têm a reputação de serem piratas consumados dos oceanos tropicais e são muito agressivos em sua busca por presas capturadas por outras aves (fragatas ou não). Embora também adote esta técnica de alimentação, a fragata-grande utiliza mais a captura de superfície de peixes-voadores.


A distribuição de Fregata minor abrange todas as latitudes tropicais do Oceano Pacífico, abaixo do equador no Oceano Índico e localmente no Atlântico Sul. A reprodução ocorre em grandes colônias, na região neotropical, nas ilhas Galápagos e em várias ilhas da América Central.
Embora os estudos tenham sido realizados com Fregata minor, provavelmente o fenômeno seja comum entre as espécies do gênero.

Os aparelhos de rastreamento eletrônico transformaram nosso conhecimento sobre a vida das aves no mar. O ornitólogo Michael Brooke descreveu algumas das mais fascinantes descobertas sobre as aves marinhas no livro “Far from Land – The Mysterious Lives of Seabirds”.


Candia-Gallardo, Carlos & Awade, Marcelo & Boscolo, Danilo & Bugoni, Leandro. (2010). Rastreamento de aves através de telemetria por rádio e satélite (in Portuguese). 255-279.


As aves marinhas sempre foram temas instigantes para os ornitólogos. Elas passam grande parte de suas vidas percorrendo o mar aberto, ou fazendo seus ninhos e criando filhotes em ilhas remotas longe dos olhos humanos. Porém graças às novas tecnologias, dispositivos cada vez menores e leves podem ser colocados em diversas espécies de aves, fornecendo novas informações sobre seus movimentos e comportamento.
Uma descoberta bastante interessante é a capacidade do tesourão-grande (Fregata minor) permanecer no ar em mares tropicais por uma semana ou mais, ganhando altura utilizando as térmicas ascendentes e descendo lentamente, repetindo o processo quase indefinidamente. Quando seus padrões de sono foram monitorados por um eletroencefalograma através de um microchip acoplado à ave, descobriu-se que ele é capaz de dormir enquanto está no ar, durante 42 minutos por noite. É um período muito curto se comparado com as 12 horas de sono quando está em terra. Além disso descobriu-se que três quartos do sono durante o voo envolve apenas metade do cérebro de cada vez. O restante um quarto (14 minutos) do sono envolve os dois hemisférios cerebrais simultaneamente mostrando que dormir não é incompatível com o voo controlado.
As vidas e atividades de aves marinhas evocam o espírito da aventura. Elas passam grande parte de suas vidas no mar, muitas vezes bem longe da costa, e nidificam em remotas ilhas que os humanos raramente visitam. Graças ao desenvolvimento de dispositivos cada vez mais sofisticados e miniaturizados que podem rastrear todos os seus movimentos e comportamentos, agora é possível observar as vidas misteriosas dessas criaturas notáveis ​​como nunca antes foi possível. As técnicas adotadas começam a revelar aonde essas aves realmente vão quando vagam pelos mares, as táticas que empregam para atravessar vastas extensões de oceano, as estratégias que usam para fugir de ameaças e muito mais.
Como é a vida marítima dos albatrozes, fragatas, trinta-réis e outros andarilhos oceânicos? Aonde os papagaios-do-mar vão durante o inverno? A qual profundidade os pinguins conseguem mergulhar? A que distância um albatroz consegue ver um navio de pesca que valha a pena seguir em busca de uma boa refeição?
Os albatrozes pagam um pesado tributo quando saguem navios de pesca para obter alimento. Leia sobre o assunto em:


Brooke revela que as aves marinhas não são as criaturas jogadas pelo vento que parecem ser, e explica as inovações que estão impulsionando essa excitante área de pesquisa, além de fornecer um novo olhar sobre as atividades das aves marinhas.
Michael Brooke é o Curador de Ornitologia do Museu de Zoologia da Universidade, em Cambridge. Além de diversos livros sobre as aves marinhas ele é coeditor da Cambridge Encyclopedia of Ornithology.

Para saber mais:

sábado, 1 de setembro de 2018

DIA INTERNACIONAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS URUBUS - 2018


1º. DE SETEMBRO DE 2018

DIA INTERNACIONAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS URUBUS

Anualmente, no primeiro sábado do mês de setembro é comemorado o “Dia Internacional de Conscientização sobre os Abutres

Pelo mundo afora ocorrem eventos visando despertar nas pessoas interesse por essas aves mal compreendidas no seu papel de guardião da saúde pública.
Todos já viram a cena nas estradas: vários urubus disputando o cadáver de um cão que foi atropelado. A principio parece ser uma cena repugnante, mas se refletirmos um pouco entenderemos o grande serviço que aquelas aves estão prestando.

Urubus-de-cabeça-preta comendo uma carcaça à beira da rodovia

Urubus são feios porque têm a cabeça pelada? Mas a evolução mostrou que uma cabeça pelada é mais eficiente no controle de doenças quando a introduzem dentro de uma carcaça de bovino, por exemplo, e de lá vão removendo as vísceras. Os restos com seus microrganismos potencialmente patogênicos que ficam aderidos na cabeça são mais facilmente destruídos pelos raios solares. Uma cabeça emplumada tornaria mais difícil a eliminação dos patógenos. Tudo tem uma explicação!
Se analisarmos a distribuição espacial dos abutres e a quantidade de subprodutos humanos que eles consomem, perceberemos que as atividades humanas necessitam da manutenção de grandes populações dessas aves. Os abutres fornecem um serviço ambiental chave (gratuito) ao consumirem aproximadamente 25% dos resíduos orgânicos produzidos anualmente nas cidades.



Quando falamos em urubus pensamos imediatamente no urubu-comum, todo preto, pulando desengonçado no chão em torno do cadáver. Parece uma dança macabra (para ouvir a obra “Danse Macabre de Saint Saens” vá no youtube = https://www.youtube.com/watch?v=YyknBTm_YyM ).



No Brasil existem cinco espécies de urubus e a ocorrência ainda polêmica do Condor-dos-Andes na região do rio Jauru em Cáceres (MT), e notícias do Paraná.
O cineasta sueco Arne Sucksdorff informou ao ornitólogo Helmut Sick a ocorrência de condores em uma ilha fluvial chamada “Ilha dos urubus”, no Rio Jauru.
No século passado, na década de 20, um indivíduo foi abatido por militares nos arredores do extinto Parque Nacional de Sete Quedas, em Guaíra/PR, fato relatado pelo Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, segundo o ornitólogo Fernando Straube.

Condor-dos-Andes (Vultur gryphus)

Todos os urubus (ou abutres do Novo Mundo) pertencem a família Cathartidae. 

Dos urubus brasileiros, três espécies ocorrem em Niterói. O urubu-de-cabeça-preta, o urubu-de-cabeça-vermelha e o urubu-de-cabeça-amarela.

As outras duas espécies: o urubu-rei e o urubu-da-mata não tem registro de ocorrência em nossa cidade, até o momento.


Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus)




Urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura

Urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus)

Urubu-rei (Sarcoramphus papa)


Urubu-da-mata (Cathartes melambrotos)



UM MEDICAMENTO UTILIZADO NO GADO ACABA MATANDO OS URUBUS

    O problema foi identificado inicialmente na Ásia.  Alta mortalidade foi registrada em diversos pontos da India, Paquistão e planícies do Nepal. A causa um anti-inflamatório muito utilizado em miosites e artrites não infecciosas em bovinos e bubalinos, graças a sua potenta ação analgésica. Ocorre que quando esses animais morrem durante o tratamento o farmaco permanece nos tecidos durante algum tempo, e os abutres que se alimentam dessas carcaças morrem muito rapidamente, de falência renal aguda. O Diclofenaco ainda é considerado como um dos contaminantes ambientais mais devastadores. 
        Como os achados de necropsia estão associados com a gota visceral e articular, duas hipóteses tentam explicar o que ocorre. A primeira aponta como causa uma isquemia dos tubulos contornados proximais, devido à necrose aguda daquelas estruturas. Já a outra sugere que ocorre uma redução da excreção do ácido úrico que acaba se acumulando nos tecidos. 
          Desde a publicação de um estudo na revista Nature que identificou o Diclofenaco como causa de morte de abutres em 2004, Índia, Nepal e Paquistão baniram a produção e comercialização da droga em seus territórios, mas apenas para o uso veterinário, como uma forma de evitar a mortalidade desnecessária dos abutres.
          O diclofenaco é autorizado para uso veterinário no Brasil desde os anos 1990, para aplicação em bovinos, suínos e equinos. A restrição é para cães e gatos, para os quais o diclofenaco é altamente tóxico. Os abutres do gênero Gyps não ocorrem no Brasil e por enquanto ainda não há registro de problemas de intoxicação com os nossos urubus. 
           




Peço que se encontrarem alguma incorreção ou sugestões entrem em contato através do blog.

CRÉDITOS

Vocalizações

Os urubus não têm a sirtinge como as outras aves. Dessa forma a vocalização limita-se a grunhidos  roucos e até um pouco assustadores.  Para ouvir veja os links abaixo.



Imagens







Bibliografia

BERNHARD GRZIMEK. Grzimek’s Animal life encyclopedia. Volume 7. Birds I. 1975. Van Nosthrand Reinhold Company.

EURICO SANTOS. Zoologia Brasílica. Volume 4. Da ema ao beija-flor. 1979. Editora Itatiaia Ltda.

HELMUT SICK. Ornitologia Brasileira. 1997. Editora Nova Fronteira.

LESLIE BROWN. Birds of prey their biology and ecology. 1976. The Amlyn Publishing Group

OLIN SEWALL PETTINGILL JR. Ornithology in laboratory and field. 1970. Burghess Publishing Company.

RODOLPHE MEYER DE SCHAUENSEE. A guide to the birds of South America. 1982. The Academy of Natural Science of Philadelphia.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

AS GARÇAS DE NITERÓI

AS GARÇAS DE NITERÓI

Geralmente quando pensamos em garças vem-nos a mente a imagem de uma ave branca, com bico amarelo, pernas compridas, na beira da água tentando fisgar um peixe. Entretanto existem garças bem coloridas e diferentes da imagem que temos a respeito delas.


As garças e os socós, que na verdade são um tipo de garça, pertencem a família ARDEIDAE e estão espalhadas pelo Brasil, geralmente associadas à água, seja nas beiras de rios, nas lagoas e lagunas e até mesmo na beira-mar.Podemos separar as garças para melhor identificá-las através de suas cores básicas. Em algumas espécies às cores básicas estão associadas outras colorações que as tornam únicas e belíssimas. Os filhotes e imaturos às vezes têm uma coloração diferente dos adultos.

Coloração basicamente BRANCA

a) Garça-branca-grande
b) Garça-branca-pequenaos 
c) Garça-real
d) Garça-vaqueira
e) Imaturos da garça-azul

Coloração cinza ou azulada

a) Garça-azul
b) Garça-moura
c) Maria-faceira
d) Savacu-de-coroa
e) Socó-dorminhoco
f) Socózinho

Coloração parda, manchada

a) Imaturos de Socó-dorminhoco e Savacu-de-coroa


Em Niterói já pudemos observar 10 espécies. Os locais mais frequentados são as lagunas de Piratininga e Itaipu, algumas praias, o lago do Campo de São Bento, a desembocadura do rio Bomba e arredores nos limites com São Gonçalo, com acesso pela Niterói-Manilha (BR 101). À beira-mar, próximo à estação das Barcas S/A, caçando baratinhas nas pedras.


Este texto faz parte de mais um dos capítulos do meu livro “AVIFAUNA DE NITERÓI: UM GUIA PARA RESIDENTES E VISITANTES”.


Para ouvir as vocalizações das garças, clique nos links lá embaixo.


Vamos às garças?  

    

GARÇA AZUL 

Egretta caerulea


60 cm. Também é chamada de garça-morena. A face é desprovida de penas e o bico ligeiramente curvo de coloração cinzenta, com a ponta escura. Pernas esverdeadas. Cabeça e pescoço marrom achocolatado. A cor predominante é o cinza azulado.Alimenta-se de peixes, crustáceos, moluscos e insetos.O ninho em forma de plataforma é construído com galhos finos e gravetos, em arvores e arbustos entre 3 e 5 metros de altura, nas áreas alagadas e manguezais. A postura é variável de 3 a 5 ovos, de coloração azul-esverdeado com pequenas manchas calcáreas, e medem 42-46 X32-33 mm.

Foto prof Antonio Carlos Bressan (Laguna de Piratininga)


GARÇA-BRANCA-GRANDE 

Ardea alba


90 cm. Também é conhecida como garça-branca. É uma ave completamente branca, com bico longo, amarelado e pernas e dedos negros. A íris é amarela.Vivem nos ambientes aquáticos, como rios, lagoas, manguezais, lagunas e até nas praias.Sua alimentação consiste de peixes e outros animais aquáticos, que captura com golpes do bico como se fosse um arpão. Também preda filhotes de outras aves.Nidifica em colônias, nos ninhais. Os ninhos são plataformas construídas nas árvores e arbustos sobre a água, com galhos finos, gravetos e capins, onde são postos de 3 a 5 ovos, de coloração verde azulada clara, podendo haver pequenas manchas calcárias. Os ovos medem  53-57 X 41-42 mm.

Foto: Môsar (Rodovia Niterói-Manilha)


GARÇA-BRANCA-PEQUENA

Egretta thula

60 cm. Plumagem branca. Bico negro, comprido e pontiagudo. Tarsometatarso negro e pés amarelos.

É uma ave dos ambientes aquáticos, áreas alagadas e manguezais. Frequenta as praias junto com gaivotas, urubus e pombos.

Sua alimentação consiste principalmente de peixes, mas captura também outros organismos aquáticos, além de insetos e pequenos repteis e anfíbios.Nidifica em ninhais, onde constrói uma plataforma de galhos finos e gravetos. A postura consta de cinco ovos em média, de coloração azul esverdeada, e que medem 41-45 X 31-33 mm.

Foto prof Antonio Carlos Bressan (Laguna de Piratininga)

GARÇA-MOURAArdea cocoi

125 cm. A coloração básica é cinza azulada e branca. O boné e a crista occipital são negros. Sobressaem duas penas negras (plumas occipitais) na parte posterior da cabeça. Bico amarelo. Pescoço e costa brancos acinzentados. Raias negras na parte anterior do pescoço. Asas e cauda mais escuras. Ventre e parte dianteira dos flancos negros. Coberteiras de cauda brancas. Pernas escuras. No período reprodutivo as penas do peito e das costas são muito longas.Alimenta-se basicamente de peixes, porém também captura répteis e anfíbios de pequeno porte, crustáceos e moluscos. Eventualmente captura ratos e filhotes de outras aves.Nidifica nos ninhais junto com outras espécies, construindo o ninho de gravetos e galhos na parte mais alta das arvores. A postura consta de 4 a 5 ovos, que medem 62-65 X 46-48 mm, de coloração azul-verde clara, com alguns vestígios de massa calcária depositada em forma de pequenas manchas brancas.

Foto: prof Antonio Carlos Bressan (Laguna de Piratininga)


GARÇA-REALPilherodius pileatus

56 cm. Plumagem corporal branca, tingida fortemente de amarelo na época de reprodução. A testa é branca e a coroa preta. Apresentam duas plumas occipitais brancas longas e estreitas. Asas e cauda branca. Eixo de penas da asa preto. A pele facial nua e a base do bico de coloração azul cobalto. Bico cinza escuro com ponta preta, parte superior do bico azul esmaecido. Pernas e pés cinza escuro. O imaturo é semelhante ao adulto, porém a coroa é listrada de branco.Habitam as florestas pantanosas, bordas da floresta de galeria, rios florestados, áreas lamacentas. Vive solitário ou aos pares.Alimentam-se de peixes, anfíbios e invertebrados que capturam na água, ou próximos a ela.O ninho é uma plataforma alta construída com galhos secos e gravetos, em árvores baixas, e a postura consta de dois ovos.

GARÇA VAQUEIRA       

Bubulcus ibis

50 cm. A coloração geral é branca. O bico é mais curto que o bico das outras garças, cônico e de coloração amarela. Tarsometatarso e pés de coloração verde escura. Durante o período reprodutivo as penas do alto da cabeça, peito e dorso ficam de coloração amarelo pálido. O bico fica alaranjado com a ponta amarela, As pernas também ficam amareladas.Diferente das outras garças, a garça-vaqueira não está associada às áreas alagadas, sendo mais comum nos campos, vivendo associada ao gado nas áreas rurais.Alimenta-se de insetos e outros artrópodes, além de predar filhotes de outras aves.Nidifica em colônias (ninhais), sempre próximo à agua. O ninho é feito com gravetos e galhos finos e a postura consta de 4 a 5 ovos de coloração azulada.

Foto: Môsar (Itaipu)


MARIA-FACEIRA
Syrigma sibilatrix

53 cm. A coloração é cinzenta na parte superior do corpo e branca na inferior. As coberteiras das asas são avermelhadas com estrias cinzentas. O peito é amarelado. Apresenta gorro e penacho nucal. O bico é avermelhado com a ponta negra. A pele nua ao redor dos olhos é azulada.
Habita as agoas abertas e rasas, lugares úmidos e pantanosos nas planícies. Geralmente solitária ou com alguns outros indivíduos dispersos.
Caça insetos no solo e se tiver oportunidade captura minhocas. Caça também nas margens alagadas de lagoas, córregos e brejos bem vegetados, onde capturam além dos insetos, anfíbios e repteis.
O ninho é construído em árvores altas, confeccionado com ramos e sem forração interna. A postura consta de 2 ovos arredondados medindo 45-46 X 38 mm, de coloração bruno-esverdeada clara, com pequenas manchas avermelhadas.
Foto: prof Antonio Carlos Bressan (Piratininga - Canal do Camboatá)


SAVACU-DE-COROANyctanassa violacea

70cm. Coroa amarela. Coroa posterior, plumas occipitais e manchas nos lados da cabeça de cor branca. Garganta e laterais da cabeça pretas, com manchas brancas. Pescoço e corpo cinza azulado, com centros pretos nas plumas dorsais. O bico é preto e as pernas amarelas. O imaturo é muito parecido com o socó-dorminhoco, porém o bico é mais curto e grosso.Vivem próximos da água em ambientes variados, como manguezais, riachos de água doce, floresta pantanosa, lagoas, lagos e lagunas costeiras, geralmente sozinho ou em pares.A alimentação é variada composta por pequenos invertebrados, principalmente insetos, porém parece ter preferência por caranguejos.Geralmente nidificam em colônias, junto com outras espécies nos ninhais. Pode fazer ninho isolado. O ninho é construído em arbustos e arvores, com ramos e galhos arrumados formando uma panela grande. A postura pode chegar até oito ovos. Os ovos são de coloração verde-azulada e medem 46-49 X 34-38 mm.

Foto: prof Antonio Carlos Bressan (Tibau - Laguna Piratininga)


SOCÓ-DORMINHOCO 
Nycticorax nycticorax

59 cm. O alto da cabeça e coberteiras das asas são de coloração negra com reflexos verde metálicos. As asas são cinzentas e a fronte, faces, laterais do pescoço, peito, ventre e uropígio brancos. As pernas são amarelas, o bico é preto e a íris é vermelha.Vivem nos ambientes aquáticos, inclusive as lagunas costeiras. Prefere ambientes comas margens cobertas com vegetação. Também podem ser vistos nas ilhas oceânicas. Tem hábitos crepusculares e noturnos.A alimentação é bastante variada, constando de peixes, anfíbios, répteis, crustáceos, insetos e suas larvas, pequenos roedores, ovos e filhotes de aves.Nidificam em ninhais. As colônias costumam ter de 20 a 30 ninhos. Os ninhos são plataformas com 30 a 45 cm de diâmetro e 20 a 30 cm de altura, construídos com ramos secos entrelaçados e superpostos, em arvores e arbustos com alturas que variam de 2 a 50 m. Os ovos medem de 48-53 X 35-37 mm, são alongados, ovais de coloração verde azulada clara. A postura consta de 2 a 3 ovos e a incubação dura de 21 a 22 dias.

Foto: Môsar (Campo de São Bento)


SOCÓZINHO     
Butorides striata

40 cm. Apresenta um boné preto. Pernas amarelas esverdeadas. Pescoço, partes superiores, inferiores cinza azulados. Gola dianteira com linhas fulvas e brancas. Asas mais escuras, de coloração verde azulada, com a borda das penas brancas. Pernas laranja.A plumagem sofre variações ao longo da vida do ave e de um individuo para outro. Os jovens são mais amarronzados com estrias brancas e as pernas amarelas esverdeadas.Vivem em ambientes de águas interiores e próximos ao mar, como manguezais, lagunas costeiras, lagos e lagoas.A alimentação é variada, principalmente peixes, além de insetos aquáticos, crustáceos, moluscos, anfíbios, especialmente girinos e repteis.Nidifica em arbustos baixos, muitas vezes em pé na água, ou na água suspensa do ramo. Também em árvores cerca de 3 a 9 m acima do solo. Isoladamente ou em pequenas colônias bem dispersas, e também nos ninhais junto com outras espécies. O ninho é uma estrutura frágil construída de galhos com fundo raso e 30 cm de diâmetro. Os ovos são ovais, quase elípticos, azul-esverdeado pálido, opaco e de granulação fina. A postura consta de 2 a 4 ovos que medem 37 X 28 mm, que são incubados durante 21 a 25 dias.

Foto: prof Antonio Carlos Bressan (Laguna de Piratininga)





Créditos das gravações

Ardea alba

Ardea cocoi

Egretta thula

Egretta caerulea

Bubulcus ibis

Syrigma sibilatrix

Pilherodius pileatus

Nycticorax nycticorax

Nyctanassa violacea

Butorides striata


BIBLIOGRAFIA

BERNHARD GRZIMEK. Grzimek’s Animal life encyclopedia. Volume 7. Birds I. 1975. Van Nosthrand Reinhold Company.
EURICO SANTOS. Zoologia Brasílica. Volume 4. Da ema ao beija-flor. 1979. Editora Itatiaia Ltda.
HELMUT SICK. Ornitologia Brasileira. 1997. Editora Nova Fronteira.
RODOLPHE MEYER DE SCHAUENSEE. A guide to the birds of South America. 1982. The Academy of Natural Science of Philadelphia.
STANLEY CRAMP et al. Handbook of the birds of Europe the Middle East and North Africa. The birds of the western paleartic. Volume I. 1980. Oxford University Press.